sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

“Sou tão misteriosa que não me entendo.”


Depois de uma visita ao blog do colega Dênis de Moraes (http://www.comcult.blogspot.com/), que tinha um texto de Caio Fernando Abreu que cita o seu primeiro encontro com Clarice Lispector, fiquei curiosa para saber mais sobre a vida íntima da escritora.


Clarice Lispector era uma escritora que não gostava de expor sua intimidade. Porém em seus textos deixava transparecer a mulher temperamental, lúcida, maternal e grande apreciadora da vida. Me identifiquei muito com seu modo de se ver e de ver a vida. Mas isto não vem ao caso.


Clarisse tinha um jeito todo especial de escrever. Ela escrevia de maneira simples e, como ela dizia, pobre: "Eu escrevo simples. Eu não enfeito". A maioria de suas escritas foram um misto de sensações internas e individualizadas. Quem já leu suas obras fala que Clarice vivia em um mundo totalmente fora da nossa realidade, mas não deixavam de serem ótimos. Talvez este era o seu mistério para o sucesso: escrever de forma simples um enigma. "Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca".


Foi uma grande mulher que se dividia em escritos, filhos e conhecer-se. E isto fez com que escrevesse sobre a vida e não histórias. Cada vez que viva mais, escrevia mais. Afirmava que não era uma escritora, pois não fez disso uma carreira. Dizia que era uma intuitiva: escrevia a medida que sentia impressões individuais. "... eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade." .


É um mistério Clarice Lispector. E seus textos trazem sensações surpreendentes. Lê-la é uma dica que eu deixo no blog.


"É um nome latino, né, eu perguntei para o meu pai desde quando havia Lispector na Ucrânia. Ele disse que há gerações e gerações anteriores. Eu suponho que o nome foi rolando, rolando, perdendo algumas sílabas e se transformando nessa coisa que parece "LIS NO PEITO", em latim: flor de lis. "

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Mobilização social através da arte e cultura é preciso


Faz um tempo que eu comecei a refletir sobre a possibilidade da cultura e da arte como mobilizadoras da cidadania. Acredito que a mobilização e a inclusão social através da arte e da cultura podem desenvolver a motivação pessoal, considerando que os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos. Pesquisei essa semana para ver se é valido e eficiente utilizar-se da arte e da cultura, nas suas mais diferentes formas, para a inclusão do sujeito social. No artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos artigos 13 e 15 do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais dizem: toda a pessoa deve saber se expressar, criar e difundir suas obras na língua de sua escolha, de preferência na sua língua materna. A nossa vida social se constitui através das idéias que temos sobre nós mesmos e das práticas que emergem estas idéias. É através da produção e da troca de significados entre membros de determinados grupos sociais que podem se manifestar como verdade, como fantasia, ciência ou senso comum. Podem estar embutidos nas conversas do dia-a-dia, nas teorias mais elaboradas dos intelectuais, na arte erudita, na TV ou nos filmes. Partindo disto, percebe-se a importância da relação social, das trocas de conhecimentos, das artes e da cultura inclusiva como um poderoso instrumento para reafirmar a singularidade na diversidade. A partir do momento em que a arte é aplicada em prol dos que vivem a margem da sociedade, como maneira de resgate do indivíduo que por tantos motivos não se sentem parte da sociedade, o indivíduo se transforma em um ser atuante, qualificado, um agente cultural e ciente do seu papel na sociedade onde possa fazer uso do que foi absolvido como ferramenta para multiplicar tal inclusão.
Nas favelas do nosso país geralmente possuem iniciativas que, através da arte e da cultura, valorizam o sujeito social. De acordo com a antropóloga Clarice Libânio, criadora do Guia Cultural de Vilas e Favelas de Belo Horizonte, a produção na favela é tão rica porque, segundo entrevistas realizadas, as pessoas conseguem obter “auto-estima” produzindo arte e cultura. Assim, dá vontade de se afirmar diante à sociedade.
A solução pela arte tem se mostrando mais visível. As oficinas de artesanato, música, vídeo, etc., substituíram as profissionalizantes de pedreiro, costureira, padeiro, etc. Assim podemos perceber que surge um novo conceito de cidadania. A arte possibilita o encontro efetivo de praticar a participação política, pois os agentes culturais trazem suas propostas de transformação.
Acredito que a mobilização social através da arte e da cultura é uma boa alternativa para buscar a igualdade e justiça social. Desta forma, pessoas e grupos sociais passam a se identificar com uma determinada manifestação cultural e tem a possibilidade de criar uma ideologia capaz de fazer com que tenham consciência de que é preciso transformar o ambiente social em que vivem.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Petrobrás, mostre sua cara!

Umas semanas atrás me deparei com uma reportagem que denunciava a Petrobrás por explorar petróleo em um parque (considerada reserva da biosfera pela Unesco) que está localizado na região amazônica equatoriana. Os índios que vivem na região correm risco de perderem suas terras, recursos naturais e contraírem doenças trazidas pelos exploradores do petróleo, dentre outros males. E a exploração é legal, de acordo com uma licença ambiental concedida pela presidência do Equador. Além da denúncia sobre a exploração em locais reservados ambientalmente, a Petrobrás se insere no contexto da exploração mercenária do petróleo equatoriano, que vem ocorrendo há mais de 30 anos. Movimentos sociais mobilizados por equatorianos realizaram manifestações em frente à sede da presidência do país, exigindo que o governo negue licença ambiental à Petrobrás. Uma campanha internacional pela negação dessa licença também está sendo organizada.
Petrobrás, a maior incentivadora cultural do Brasil, é uma gananciosa expansionista (como diz o site CMI Brasil). Para disfarçar seus crimes mais cruéis contra o meio ambiente, faz uma chuva de incentivos fiscais para a cultura nacional. Eu como uma grande apreciadora da cultura e vislumbradora profissional do meio, me sinto ofendida por ter uma empresa corrupta patrocinando a cultura.
A empresa trabalha em um ecossistema muito frágil que é a floresta amazônica, suas atividades criaram um verdadeiro desastre ecológico e humano devido à contaminação. É uma situação muito, muito grave, e suas praticas tóxicas tem conseqüências sérias nas culturas indígenas, no meio ambiente, na saúde, e nos povos isolados.
É contraditório uma empresa que incentiva tanto a cultura, pode ser responsável por acabar de vez com outras. Com sua instalação na reserva amazônica no Equador, índios que tem uma cultura ancestral, vão perder seu território e não vão ter mais como praticar a sua cultura. A Petrobrás usa um disfarces para esconder seus terríveis males.

Lançamento do blog!

Olá navegantes!

Crio este blog para que possamos discutir sobre a cultura atual no Brasil, o que está acontecendo de novo, as notícias publicas, a gestão cultural e o cenário independente. A intenção é discutir a cultura brasileira e não a cultura elitizada. Queremos que a cultura esteja ao alcance de todos e não concentrada nas mãos de poucos.

Salve!